Saberes do Trabalho Associado: A autogestão no contexto do movimento popular de 25 de Abril, em Portugal
O processo de trabalho constitui-se como o lócus de aquisição e produção de novos saberes, mas, sob determinadas relações sociais de produção, pode se tornar (des)educativo. Não por um acaso, Gramsci (1982) adverte que ao criar uma gerência científica que planeja e controla a padronização de tempos e movimentos, o taylorismo tenta separar o homo faber do homo sapiens, ou seja, tenta separar aquilo que é inseparável: pensamento e ação. Diferentemente de uma situação de trabalho assalariado, no trabalho associado são os trabalhadores, e não os patrões, que decidem como organizar a produção; assim, em uma aproximação ao conceito de “saberes do trabalho associado”, podemos dizer que são saberes produzidos nos processos de trabalho caracterizados, entre outros, pela apropriação coletiva dos meios de produção, distribuição igualitária dos frutos do trabalho e gestão coletiva das decisões quanto à utilização dos excedentes e aos rumos da produção. São tecidos no cotidiano do trabalho e resultam das experiências vividas ao longo da história da classe trabalhadora, em momentos revolucionários ou não. Derivam de movimentos e práticas populares em que, inicialmente, a associatividade configura e apenas como forma de driblar as contradições entre capital e trabalho (Fischer e Tiriba, 2009).