As Comissões de Fábrica no Brasil diante do Golpe de 1964
Este artigo pretende abordar a formação de Comissões de Fábrica no Brasil dentro de um contexto de ascensão das lutas dos trabalhadores nos anos 1950-68. Nossa hipótese é que as Comissões de Fábricas se formaram como embriões de lutas autogestionárias no Brasil que rapidamente foram estranguladas pelo acirramento da ditadura militar em 1968 e em seguida pela reestruturação produtiva.
Para nós, as Comissões de Fábrica dos anos 1960-70 dificilmente podem ser compreendidas isoladas das lutas dos anos 1950 e 1960. Em função disso, narramos na primeira parte do artigo a) as inúmeras lutas que ocorreram neste momento, dando destaque b) ao papel da “Arquitetura Nova” na crítica à Arquitetura convencional, além da denúncia da nossa miséria pelo “Cinema Novo”; c) a criação da Universidade de Brasília, d) as críticas e ações da União Nacional dos Estudantes; e) as campanhas em defesa do ensino público e da superação do analfabetismo nos anos 1950; f) as lutas pela Reforma Agrária; g) encerramos esta parte com a análise das Reformas de Base no Governo João Goulart e a ruptura histórica iniciada com o golpe de 1964. Para Ribeiro (1997) vivíamos neste momento histórico o “florescimento científico e cultural que o Brasil começava a experimentar nos anos 1960 e que se viu drasticamente crestado” pela opressão da ditadura civil-militar de 1964-1985.
Iniciamos a segunda parte do artigo com um panorama da formação da classe trabalhadora brasileira e das comissões de fábrica até o final dos anos 1950. Em seguida, abordaremos o ciclo das Comissões de Fábrica, que vai de 1968 (acirramento da ditadura civil-militar) a 1978 (fase de distensão e abertura gradual). Encerramos o artigo com algumas considerações finais.